Governo anuncia novo modelo de empréstimos para compra da casa própria; entenda regras
Fonte: G1 Foto: Foto: Divulgação / Lucas Lima
O governo federal anunciou nesta sexta-feira (10), em cerimônia em São Paulo, uma nova linha de crédito para compra da casa própria.
O objetivo é destinar
mais recursos ao financiamento imobiliário, e, com isso, viabilizar a
construção de mais moradias.
➡️Segundo o governo, a
medida beneficia, principalmente, as operações realizadas dentro das regras do
Sistema Financeiro da Habitação (SFH) para classe média, o que, por
consequência, também deve expandir o investimento no setor de construção civil
e o emprego.
➡️De acordo com o Palácio do
Planalto, o valor máximo do imóvel financiado no âmbito do SFH passa de R$
1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
➡️O presidente da Caixa, Carlos
Vieira, anunciou que o banco vai voltar a financiar até 80% do valor do
imóvel por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Desde
novembro de 2024, o valor máximo financiado pela instituição financeira era até
70% do valor do imóvel.
Mudanças
➡️Pelas regras atuais, 65% dos
recursos captados pelos bancos por meio da caderneta de poupança têm
que ser direcionados obrigatoriamente ao crédito imobiliário; 15% estão
livres para outras operações; e 20% ficam com retidos no Banco Central (os
chamados depósitos compulsórios).
👉
Nesse modelo, o volume de crédito imobiliário depende do quanto as pessoas
deixam na poupança. Nos últimos anos, como muita gente tirou dinheiro da
poupança, o volume de crédito encolheu.
Segundo o Ministério da Fazenda e
o Banco Central, as alterações permitirão que até 5% dos saldos de poupança, ao
serem utilizados para operações de crédito imobiliário, possam ser deduzidos da
necessidade de recolhimento dos compulsórios (recursos que ficam retidos no
BC).
"O novo modelo de
financiamento de crédito imobiliário viabiliza R$ 111 bilhões de recursos no
primeiro ano, tornando disponíveis R$ 52,4 bilhões a mais, em relação ao modelo
atual, para financiamento habitacional nesse período, dos quais R$ 36,9 bilhões
de forma imediata", informou o Banco Central.
Mudanças graduais
Após um período de transição,
segundo o Palácio do Planalto, o direcionamento obrigatório de 65% dos
depósitos da poupança acabará e os depósitos compulsórios no Banco Central
referentes a esse tipo de aplicação também.
➡️A ideia é liberar
gradualmente recursos captados pelas instituições financeiras que hoje ficam
retidos no BC, nos compulsórios e, com isso, possibilitar o aumento do crédito
imobiliário.
- Em setembro deste ano, os recursos depositados na
caderneta de poupança vinculados à habitação somavam R$ 755 bilhões.
- Isso representa uma queda na comparação com o
recorde de R$ 801 bilhões registrados em dezembro de 2020.
- Nos últimos anos, houve
uma queda no volume captado por conta da baixa rentabilidade da aplicação
financeira — diante do aumento do juro básico da economia (que
favorece aplicações em renda fixa).
O que disseram as autoridades
De acordo com o presidente do
Banco Central, Gabriel Galípolo, ao ampliar o uso dos recursos da poupança,
combinados com valores captados no mercado pelas instituições financeiras,
haverá mais dinheiro para o crédito imobiliário “de maneira que a elevação da
taxa [de juros cobrada nos financiamentos] não ocorra".
O ministro das Cidades, Jader
Filho, afirmou que as mudanças anunciadas vão permitir que a Caixa
Econômica Federal financie 80 mil novos imóveis com juros de até 12% ao ano,
ou seja, abaixo da taxa básica da economia (que está em 15% ao ano).
Para o presidente da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, as mudanças
recentes anunciadas no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que
limitaram a antecipação dos saques-aniversário, em conjunto com as medidas desta
semana para aumentar o financiamento à classe média, mudam o cenário para a
habitação no país, elevando a oferta de moradias.
“Depois do MCMV, lançar o novo
sistema para a classe média demonstra compromisso inabalável com a moradia
digna para o povo brasileiro”, disse.
O governo explicou que, justamente
por conta da queda nos saldos de poupança e das mudanças no mercado financeiro,
foi elaborado esse novo modelo de financiamento do setor imobiliário.
"A poupança será maximizada
como fonte de financiamento, ou seja, na medida em que mais valores são
depositados em poupança, mais crédito será disponibilizado para financiamento
imobiliário, o que tende a ampliar a oferta de crédito considerando ainda as
captações de mercado, por exemplo, via LCIs (Letras de crédito imobiliário) e
CRIs (Certificados de recebíveis imobiliários)", informou o governo.
➡️O governo avaliou, também, que
o novo modelo aumenta a competição, pois incorpora os depósitos
interfinanceiros imobiliários ao direcionamento, o que permite que instituições
que não captam poupança também concedam crédito habitacional em condições
equivalentes às demais.
“Essa medida atende a uma faixa
da população que estava sem acesso a crédito habitacional. Hoje, as famílias
nas faixas de renda 1, 2, 3 e 4, que vão até R$ 12 mil são atendidas pelo Minha
Casa Minha Vida. Acima disso, as pessoas estavam sem alternativas. A não ser
que ganhem muito bem para suportar juros de mercado”, disse o ministro das
Cidades, Jader Filho.
Período de transição
Segundo o governo, a transição
para o novo modelo de financiamento do setor imobiliário será gradual,
iniciando ainda este ano. De acordo com a equipe econômica:
- O novo modelo deverá ter plena vigência a partir de
janeiro de 2027.
- Até lá, fica valendo o direcionamento obrigatório
de 65% dos recursos captados na poupança para operações de crédito
habitacional.
- Dos 35% restantes, pelas regras atuais, 20% são
recolhidos ao Banco Central a título de depósito compulsório e 15% vão
para operações livres.
- Durante a transição, o volume dos compulsórios será
reduzido para 15% e os 5% serão aplicados no novo regime.



Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.