Planos de saúde passam a atender pacientes do SUS a partir deste mês
| Fonte: G1MT Foto: Reprodução Agência Brasil |
A partir deste mês de agosto, pacientes do Sistema Único de Saúde
(SUS) poderão ser atendidos em hospitais e clínicas de planos de saúde.
A medida integra o programa Agora Tem Especialistas, anunciado pelo Ministério
da Saúde, e busca reduzir as longas filas por atendimento especializado na rede
pública.
A iniciativa prevê que operadoras quitem dívidas com
o SUS — que somam mais de R$ 1 bilhão — oferecendo serviços
diretamente aos usuários do sistema público. Em um primeiro momento, cerca de
R$ 750 milhões devem ser convertidos em consultas, exames e cirurgias
eletivas em sete especialidades prioritárias.
Quais pacientes do SUS serão atendidos?
A nova parceria entre SUS e planos de saúde não permite que
qualquer paciente escolha ser atendido em um hospital privado. O acesso seguirá
o fluxo atual do SUS:
- O
paciente procura uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
- O
médico da UBS avalia a necessidade de atendimento especializado.
- A
solicitação é inserida na central pública de regulação, gerida por estados
ou municípios.
- A
regulação define o local de atendimento, que poderá ser uma unidade da
rede privada conveniada.
A seleção dos pacientes seguirá critérios clínicos e de
prioridade, com foco nas especialidades com maior demanda: oncologia,
ortopedia, oftalmologia, ginecologia, otorrinolaringologia, cardiologia e
cirurgia geral.
“O cidadão não vai precisar fazer nenhum movimento
extraordinário. Ele será agendado e informado, inclusive por WhatsApp”, explica
ao g1 o diretor da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde
do Ministério da Saúde, Rodrigo Oliveira.
Saúde Pública: pacientes do SUS poderão ser atendidos também
por planos de saúde
Como será feita a adesão dos planos?
A participação das operadoras é voluntária. Para
aderir, elas devem comprovar capacidade técnica e operacional e apresentar uma
proposta de oferta de serviços. Essas propostas serão avaliadas pelo Ministério
da Saúde, que verificará se as demandas do SUS na região serão atendidas.
A adesão será feita por meio da plataforma InvestSUS, e os
atendimentos só começarão após aprovação da oferta e organização da regulação
local.
Somente operadoras com capacidade para realizar mais
de 100 mil atendimentos mensais poderão aderir ao programa. Em casos
excepcionais, operadoras menores — com mínimo de 50 mil atendimentos/mês —
também poderão participar, desde que atendam regiões com carência de
serviços.
Por que planos vão atender pacientes do SUS?
A medida é uma forma de quitar dívidas de
ressarcimento ao SUS. Pela legislação, quando um beneficiário de plano de
saúde é atendido na rede pública, a operadora deve reembolsar os custos ao
Fundo Nacional de Saúde. No entanto, muitas não fazem o pagamento, gerando um
passivo bilionário.
Agora, essas dívidas poderão ser convertidas em
atendimentos diretos à população, em vez de pagamentos em dinheiro.
“Se o SUS atendeu um cliente seu, agora você vai atender
o povo brasileiro”, diz Oliveira.
Como será o controle e a fiscalização?
Diretora-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), Carla Soares afirma que as operadoras continuarão sendo
fiscalizadas e podem ser multadas caso deixem de atender seus
próprios clientes ou descumpram obrigações com o SUS.
“Não há espaço para que deixem de atender seus
beneficiários para priorizar o SUS. O interesse é ampliar a capacidade de
atendimento de forma integrada”, declara.
O programa também prevê um novo modelo de pagamento. Os
planos só serão remunerados após entregarem todo o combo de serviços especializados,
o que inclui consultas, exames e, se necessário, cirurgias.
Integração de dados: SUS e planos no mesmo sistema
Além da parceria para atendimentos, os dados dos pacientes
da saúde suplementar passarão a ser integrados à plataforma nacional do SUS.
Com isso, será possível acessar o histórico de atendimentos — como
consultas e exames — em um único sistema, facilitando a continuidade do
cuidado e evitando a repetição de procedimentos.
O que esperar nos próximos meses?
- A
publicação do edital com regras de adesão sai nos próximos dias.
- As
operadoras poderão se cadastrar ainda em agosto.
- Os
primeiros atendimentos estão previstos para as próximas semanas, conforme
a adesão das operadoras e organização local das ofertas.
Segundo o Ministério da Saúde, o programa é uma ação
emergencial e estratégica para enfrentar o gargalo histórico na atenção
especializada do SUS, agravado pela pandemia. “Estamos ampliando a oferta,
mobilizando toda a estrutura possível para dar resposta rápida à população”,
conclui Oliveira.



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