Teste é capaz de prever risco de queda de idosos 6 meses antes
Fonte: Agência Brasil Foto: Marcello Casal |
Cair de escadas ou de telhados,
tropeçar nas ruas ou cair da própria altura. As quedas entre idosos são comuns
e uma das principais causas de morte dessa faixa etária. Elas são um grave
problema de saúde pública, podendo levar a ferimentos e fraturas sem maiores
consequências e, em alguns casos, podendo reduzir a mobilidade ou até provocar
a morte.
Para evitar essas quedas,
recomenda-se que os idosos realizem anualmente testes de equilíbrio e de
mobilidade em suas consultas de rotina. Em geral, esses testes consistem em que
a pessoa idosa permaneça por 10 segundos em ao menos uma dessas posições: com
os pés paralelos (bipodal), com os pés ligeiramente à frente do outro
(semi-tandem), com um pé na frente do outro (tandem) ou equilibrado em um pé só
(unipodal).
No entanto, um estudo realizado
pelo Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de são Paulo (FMRP-USP)
e publicado recentemente na revista BMC Geriatrics, apontou que ficar 10 segundos em
uma dessas posturas é um tempo muito pequeno para identificar problemas de
equilíbrio ou de mobilidade.
“A eficácia desse teste para
identificar problemas iniciais de equilíbrio e prever quedas futuras ainda era
incerta, principalmente porque 10 segundos podem ser insuficientes para uma
avaliação completa”, disse Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do
Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e do
Ambulatório Assistencial de Distúrbios do Equilíbrio do Centro de Reabilitação
do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, em entrevista à Agência Brasil.
O estudo realizado entre 2015 e
2019 e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), foi realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos, residentes nas
cidades de Ribeirão Preto, São Paulo e região. Ele apontou que o teste pode ser
mais efetivo quando o indivíduo consegue ficar em apenas duas das posições mais
desafiadoras (tandem ou unipodal) e por 30 segundos em cada uma delas.
O estudo
Os voluntários foram avaliados
por um período de seis meses, fazendo tanto testes convencionais quanto os com
o tempo ampliado. Quando essa amostra foi dividida entre os que caíram e os que
não caíram seis meses após os testes, os pesquisadores observaram que o grupo
que sofreu queda foi capaz de permanecer na posição unipodal por um tempo médio
de 10,4 segundos e, na segunda posição tandem por 17,5 segundos, tempo superior
aos 10 segundos com que ele é feito atualmente. Isso indicaria, segundo os
pesquisadores, que os testes atuais são insuficientes para prever quedas
futuras.
Já os voluntários que não caíram
conseguiram se manter na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por
24,8 segundos.
“O estudo demonstrou que o Teste
de Equilíbrio [que estamos propondo] é eficaz na previsão de quedas nos
próximos seis meses, sendo uma ferramenta valiosa para o rastreio do risco de
quedas em idosos. Sua inclusão anual na Atenção Básica é recomendada, pois
permite identificar idosos em risco, o que é fundamental para a escolha e o
manejo das intervenções adequadas”, falou a coordenadora.
Segundo ela, os resultados do
estudo indicaram que esse teste pode ser realizado em apenas duas posições
(tandem e unipodal), com tempo de 30 segundos para cada uma. “Recomendamos que
cada posição seja repetida pelo menos uma vez, para que o idoso se familiarize
com o teste. Essa redução no tempo de execução permite incluir outros testes,
como o de velocidade de marcha, o que fortaleceria a predição do risco de
quedas futuras”, disse a coordenadora.
Como esse teste é simples e de
baixo custo, ele poderia facilmente ser incluído na Atenção Básica e em
consultas com especialistas ajudando a prever e prevenir quedas futuras, defendeu
a pesquisadora.
“O teste de equilíbrio proposto é
simples e pode ser realizado em apenas duas posições, em espaços pequenos e sem
a necessidade de equipamentos especializados. Ele requer apenas uma capacitação
básica da equipe de saúde, podendo ser executado por qualquer profissional.
Dessa forma, a implementação do teste na Atenção Básica e em outros serviços de
saúde voltados para a população idosa não apresenta grandes barreiras, bastando
incluí-lo no rastreio anual obrigatório para idosos. A partir desse rastreio, a
estratificação do risco de quedas (baixo, moderado e alto) pode ser feita,
permitindo a adoção de medidas preventivas que evitem as quedas, promovam o
envelhecimento saudável e reduzam os custos com o tratamento das lesões
decorrentes das quedas”, disse ela.
É importante ressaltar que estes
testes de equilíbrio, tanto o que funciona atualmente quanto o que está sendo
proposto pelos pesquisadores, são apenas uma triagem. O estudo destaca que,
além deles, seria ainda preciso fazer avaliações mais detalhadas para entender
se o desequilíbrio está associado a fraqueza muscular, comprometimento
sensorial ou problemas articulares, entre outros.
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