;

Especiais

Exército deu licença de CAC para condenados por tráfico e homicídio, diz TCU

Fonte: G1  Foto: Foto: Daniel Ramalho/AFP/Arquivo

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que o Exército emitiu licenças de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) para condenados por crimes como tráfico de drogas e homicídio, além de pessoas com mandados de prisão em aberto. O documento foi revelado pelo Estadão e obtido pelo blog da Andreia Sadi.

O relatório sigiloso trata do controle de armas entre 2019 e 2022, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), em resposta a uma Solicitação do Congresso Nacional. O TCU obteve cópia dos bancos de dados do Sistema de Gerenciamento de Armas e do Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições, o que possibilitou análises e cruzamento de dados com diversas bases.

O tribunal reforça que há requisitos comuns a todas as formas de obter acesso a armas de fogo, como:

  • comprovação de idoneidade (por meio de certidões negativas de antecedentes criminais);
  • ocupação lícita;
  • residência certa;
  • capacidade técnica;
  • aptidão psicológica.

De acordo com o TCU, a "comprovação de idoneidade dos requerentes de registro possui sérias fragilidades", sendo que algumas dessas fragilidades surgem da "não utilização pelo Comando do Exército de todas as ferramentas disponíveis" e "da falta de atuação conjunta de diferentes órgãos e entes federativos".

Acontece que pessoas em cumprimento de pena puderam obter, renovar ou manter os Certificados de Registro (CR). Segundo o relatório, 1.504 pessoas tinham processos de execução penal ativos no momento do pedido e não foram barradas. Outras 2.993 processos depois do pedido.

O Exército liberou ainda o registro para 1.056 pessoas com mandados de prisão em aberto. Outras 1.737 tiveram decretação de prisão após a solicitação.

Foram concedidos registros para condenados por tráfico de drogas, homicídio, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo - tanto de uso permitido como restrito-, disparo de arma de fogo, entre outros.

Entre os registros analisados, havia 324 processos em execução penal por tráfico de drogas e 1.284 mandados de prisão pelo mesmo crime. Já homicídio contabilizava 180 processos em execução penal e 1.876 mandados de prisão.

O tribunal aponta que a falta de eficácia na comprovação de idoneidade por antecedentes criminais pode ser prejudicada pela falta e unificação a nível nacional.

"Ao restringir a comprovação de idoneidade à unidade federativa (UF) atual de domicílio –, pode ter exacerbado essa fragilidade, que não parece ter sido suficientemente mitigada na regulamentação emitida em 2023 – haja vista essa comprovação ainda estar vinculada a locais declarados de domicílio", ressalta.

O g1 questionou o Exército sobre as informações do relatório do TCU, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.



Nenhum comentário

Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.