Mato Grosso| Número de crianças entregues pelos pais para adoção é 5 vezes maior que o de abandonos após campanha
G1
Depois do surgimento da campanha
"Entrega Legal", 16 crianças foram entregues à Justiça de forma
voluntária pelos pais, desde 2018, em Mato Grosso. Esse é um número cinco vezes
maior do que a quantidade de crianças que foram vítimas de abandono no Estado nesse
mesmo período.
A campanha orienta pais e mães
que não podem ou não querem criar os filhos, para que os entreguem
voluntariamente e não os abandonem ou deixem com pessoas desconhecidas. Segundo
a legislação, a entrega direta, assim como o abandono, é crime.
O desejo de entregar a criança
pode ser expressado durante a gravidez ou depois do nascimento. Caso seja
durante a gravidez, a mãe deve receber acompanhamento psicossocial. Ao nascer,
a criança será entregue ao Conselho Tutelar.
Após o período de restabelecimento
da mãe, cerca de 15 dias, ela irá passar por uma audiência na Vara da Infância
e Juventude de Cuiabá, onde deve reafirmar a decisão de entregar a criança.
Após a audiência, a mãe ainda tem 10 dias para se arrepender.
Segundo a juíza Gleide Bispo dos
Santos, da 1ª Vara da Infância e Juventude de Cuiabá, várias situações levam
casais ou mulheres a desejarem entregar o filho para adoção.
Ela explica que quando a mulher
procura a Justiça sozinha, normalmente é porque a gestação não foi planejada ou
essa mulher foi abandonada pelo parceiro.
A magistrada também conta que já
foi procurada por casais que decidiram, juntos, entregar a criança, e que nem
sempre a razão é falta de condições financeiras para alimentar ou educar o
filho.
Na avaliação da juíza, a 'Entrega
Legal' é um ato de amor, já que muitas mães, em momentos de desespero, acabam
cometendo infanticídio ou abandonando as crianças em locais inapropriados, onde
elas correm risco de morte se não forem encontradas a tempo.
“Quando entregue à Vara da
Infância, a criança será adotada por casais habilitados para adoção, que já
foram investigados, a segurança é muito maior”, destaca a juíza. Já nos casos
da entrega direta, muitas vezes os pais nem conhecem a família para qual estão
deixando a criança e não sabem como será a interação deles.
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