OMS estima 35,3 milhões de novos casos de câncer em 2050
| Fonte: Agência Brasil Foto: © TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL |
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) informou que a incidência de novos casos de câncer no mundo passará de 20
milhões em 2022 para 35,3 milhões em 2050, aumento de 77%. As estimativas
globais revelam grande desigualdade da distribuição da doença. Os maiores
aumentos são previstos para países de baixa e média renda, despreparados para
enfrentar a explosão de casos.
Os dados foram divulgados pela
diretora da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer da OMS, Elisabete
Weiderpass (foto), no seminário Controle do Câncer no século XXI: desafios
globais e soluções locais, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na última
semana de novembro no Rio de Janeiro. O evento marca o Dia Nacional de
Combate ao Câncer, celebrado hoje.
"São 10 milhões de mortes
por câncer no mundo por ano. O câncer de pulmão foi o mais diagnosticado
representando 2,5 milhões de novos casos, ou um câncer em cada oito, seguido
pelo câncer de mama e colorretal. O câncer de pulmão é a principal causa de
mortalidade no mundo representando 1,8 milhão de mortes", disse
Elisabete.
Doença global
Segundo a diretora, o câncer é
uma doença global, mas a doença não é distribuída de forma igual em todas as
regiões do mundo, com disparidades geográficas muito marcadas em incidência e
mortalidade.
"A Ásia, com 60% da
população mundial, representa cerca de 50% de todos os casos de câncer no mundo
e 56% das mortes de câncer no mundo, indicando problemas estruturais em
prevenção, diagnóstico e tratamento", afirmou.
Elisabete informou que a
estimativa de perda de produtividade por morte prematura de câncer, em
indivíduos de 15 a 64 anos, com 36 tipos de câncer em 180 países, custa US$ 566
bilhões às sociedades, o que equivale a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB)
global.
"Um terço das mortes
[situa-se] no Leste Asiático, em seguida a América do Norte e a Europa
Ocidental. Mas quando a gente compara a proporção da perda de PIB, as regiões
mais afetadas são as Áfricas Oriental e Central", especificou.
700 mil novos casos por ano
No Brasil, o Instituto Nacional
do Câncer (Inca) estima 700 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025.
Segundo a OMS, o número calculado de novos casos no país vai chegar a 1,150
milhão até 2050, o que representa aumento de 83% em relação a 2022. O total de
mortes vai aumentar para 554 mil até 2025, aumento de quase 100% em relação a
2022.
"É um aumento massivo. Sem
dúvida, isso vai estrangular o sistema de saúde e tem que ser discutido agora,
porque ações têm que ser tomadas agora para evitar um problema maior de
manejamento e controle de todos esses casos", destacou Elisabete.
Em vídeo enviado para a abertura
do evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou a importância do
debate sobre o câncer na agenda global de saúde e o impacto epidemiológico que
existe em todas as regiões do mundo.
"Precisamos nos mobilizar
para enfrentar duas ações que exigem cooperação, que é o acesso às novas
tecnologias e o enfrentamento aos produtos nocivos à saúde, como o tabaco e o
consumo de alimentos ultraprocessados", disse o ministro.
Patologia
O diretor-geral do Inca,
Roberto Gil, enfatizou que o seminário aborda uma patologia que vai se tornar a
principal causa de mortalidade no Brasil. "A gente tem uma população
envelhecendo. Temos falado de combate ao câncer, mas essa palavra deveria ser
trocada por controle ao câncer. É uma doença crônica que precisa ser
controlada. Os indicadores mostram que as populações vulneráveis no país estão
sendo negligenciadas, influenciadas por fatores como gênero, raça e
econômicos", afirmou Gil.
Para o presidente da Fiocruz,
Mario Moreira, o câncer é fruto de uma determinação social. "Ainda que
nossos desafios sejam científicos e de políticas públicas, temos que reconhecer
que o Brasil, sendo um país desigual como é, tem o desafio adicional de desenhar
políticas públicas inclusivas. Este é o ponto mais importante. Uma doença que
aprendemos a tratar como doença crônica, mas que tem cura, prevenção",
afirmou Moreira.
O seminário é coordenado pelo
ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e pelo ex-diretor do Inca, Luiz
Antonio Santini. Eles estão à frente do projeto de pesquisa Doenças Crônicas e
Sistemas de Saúde - Futuro das Tecnologias de Diagnóstico e Tratamento do
Câncer do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz.


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