Mulheres líderes relatam desafios na busca por equidade na carreira
| Fonte: Agência Brasil Foto: Marcelo Camargo |
No início deste mês de
Dezembro, em Brasília, mulheres que ocupam cargos de liderança em empresas e
corporações de todo o Brasil debateram a importância do combate às dinâmicas de
discriminação e desigualdade de gênero e raça no ambiente de trabalho. Em
relatos potentes, elas mostram como a promoção da equidade é capaz de promover
resultados econômicos, financeiros e socioambientais.
Vice-presidente de Marketing e
Comunicação de Marca de uma montadora de veículos multinacional, Alessandra
Souza é líder de uma equipe composta em sua maioria por mulheres de diferentes
regiões, raças e tão diversa como o Brasil. Com uma carreira bem sucedida, ela
lembra que nem sempre foi assim. “Eu sofria, de forma muito sutil, uma
tendência a levar para uma masculinização da minha gestão”, recorda.
“A minha carreira aconteceu
quando eu deixei de tentar ser uma coisa que não sou. Deixei de tentar me
encaixar em padrões que não serviam para mim e tão pouco serviam para a
organização, tão pouco agregava valor onde eu estava”, diz.
Assim como Alessandra, a diretora
de negócio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos,
Ana Paula Repezza, atingiu o ápice da carreira ao voltar de uma licença
maternidade, com uma experiência que não poderia ser adquirida somente no
ambiente corporativo.
“De fato, a gente se torna
líderes melhores quando a gente enfrenta o desafio de conciliar família e
trabalho, porque a gente aprende a delegar, a priorizar, a confiar nas pessoas
e, o mais importante, a gente aprende a olhar para outras mulheres da forma
como a gente quer ser olhada”, destaca.
Política pública
Além do momento de
fortalecimento, as duas lideres compartilham o fato de atuarem em empresas que
aderiram a 7ªedição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma política
pública para difusão de novas concepções na gestão de pessoas e na cultura
organizacional e combate às dinâmicas de discriminação e desigualdade de gênero
e raça praticadas no ambiente de trabalho.
Promovido pelo Ministério das
Mulheres, o programa apoia as boas práticas realizadas nas empresas e
organizações e certifica com o Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça o compromisso
com a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho.
O encontro entre as
mulheres fez parte de um seminário para apoiar o andamento das ações nas
empresas e debater novas estratégias e desafios na construção de ambientes
corporativos mais justos, capazes de fazer frente a realidade como a apresentada
no 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e divulgado no início de novembro.
O documento apontou que mulheres
ainda recebem, em média, 21,2% a menos que os homens. Considerando o salário
médio nas 54.041 empresas que apresentaram relatório, as mulheres têm
remuneração média de R$3.908,76, enquanto o salário médio dos homens é R$
4.958,43.
Construção
Atualmente, 88 empresas das
cinco regiões do país estão juntas no Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça,
em busca da construção de mais ações capazes de enfrentar a desigualdade e a
discriminação. Nas sete edições, 246 organizações já aderiram, com nove
empresas presentes desde a primeira edição.
Uma delas é a Caixa Econômica
Federal, onde Glenda Nóbrega ocupa o cargo de gerente executiva de
diversidade e inclusão. Para a executiva, as iniciativas promovidas nas
empresas são capazes de mudar todo um ambiente corporativo e gerar mais
oportunidades.
“Tem três coisas que
acho muito importantes na minha trajetória. Ter pessoas que me
impulsionassem, estar sempre preparada para as oportunidades que surgissem e a
empresa ter um ambiente favorável ao nosso crescimento, seja de mulheres, de
pessoas pretas de pessoas e PCDs [pessoa com deficiência]", relata.
Para a diretora de administração
da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Tereza Cristina de Oliveira, os resultados da
política pública vão além, com a possibilidade de transformar pessoas e
impactar toda uma sociedade. Mas é necessário que as mulheres que ocupam os
cargos de liderança também rompam barreiras e gerem oportunidade a outras.
“Se a gente não tiver a clareza
de que as mudanças na sociedade se dão pelo nosso envolvimento, pela nossa luta
e pelas nossas escolhas a gente não está fazendo nada enquanto gente, ser
humano e pelas mudanças que queremos”.


Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.