Gestantes de áreas vulneráveis têm risco maior de perder bebê
| Fonte: Agência Brasil Foto: Fotorech/Pixabay |
Os dados são de uma pesquisa da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em conjunto com a London School of Hygiene and
Tropical Medicine, Universidade de São Paulo (USP) e Western University, no
Canadá.
Além disso, os
pesquisadores verificaram que ao longo de 18 anos, a taxa de natimortalidade
ficou relativamente estável nas cidades com maior vulnerabilidade, apesar de
ter caído naquelas com melhores condições.
O estudo analisou nascimentos no
Brasil entre 2000 e 2018, com base em registros oficiais do Ministério da Saúde
e relacionou ao Índice Brasileiro de Privação – que classifica os municípios em
níveis de privação, considerando renda, escolaridade e condições de moradia.
Conforme artigo publicado na
revista BMC Pregnancy and Childbirth, o objetivo foi
verificar se o declínio nacional no risco de natimortalidade foi semelhante
entre os municípios com diferentes níveis de privação para "identificar
áreas que necessitam de maior apoio e desenvolver estratégias específicas para
diminuir a natimortalidade nessas regiões mais afetadas".
Dados anteriores já mostravam que
a taxa de natimortalidade, no Brasil, caiu 30,7% em 2019, na comparação com o
ano 2000, passando de 10,1 a cada 1 mil nascimentos para 7, mas nenhum estudo
tinha investigado de forma abrangente as diferenças internas, a nível
municipal.
"Agora, as evidências
mostram claramente que essa diferença existe e tem impacto real nas taxas de
natimortalidade”, enfatiza a pesquisadora do Centro de Integração de Dados e
Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia, Enny Paixão.
Em 2018, último ano com dados
incluídos na análise, o Brasil registrou 28,6 casos de fetos que morreram após
a 20ª semana de gestação, ou bebês que faleceram durante o parto.
Isso equivale a uma taxa de 9,6
natimortos a cada mil nascimentos. Mas essa mesma taxa cai para 7,5 nos
municípios com melhores condições socioeconômicas e sobe para 11,8 nas cidades
com maior nível de privação.
Os pesquisadores acreditam que melhorias
gerais nas políticas de saúde e em outras áreas como educação e saneamento
básico podem explicar a diminuição da taxa média do país.
"Não está claro por que
essas intervenções foram relativamente menos eficazes (...) nos municípios mais
carentes", diz Enny.
Uma das hipóteses é que esses
municípios concentram maior proporção de populações rurais vivendo em áreas
remotas, que precisam percorrer grandes distância para acessar serviços de
saúde, especialmente os de maior complexidade.
A pesquisadora Enny Paixão
reforça a contribuição de problemas característicos da desigualdade,
"incluindo falta de serviços ou dificuldade de acesso e baixa qualidade
dos serviços de saúde disponíveis nessas áreas, o que pode fazer com que a
atenção pré-natal e durante o parto não seja ideal".
A pesquisadora também pontua que
investigar a natimortalidade entre municípios segundo o nível de privação
"é fundamental" para identificar áreas que demandam melhorias no
acesso e na qualidade da atenção perinatal.


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