;

Especiais

Síndrome rara faz criança acreana de 2 anos sentir fome insaciável; entenda

Fonte: CNN Brasil Foto: Reprodução

A pequena Melinda Paulo, de apenas 2 anos, se mudou de Rio Branco (AC) para Florianópolis (SC) após um diagnóstico desafiador: a SPW (Síndrome de Prader-Willi), uma doença rara que atinge uma em cada 30 mil crianças no mundo.

A condição, descoberta há cerca de um mês, é causada por uma alteração no cromossomo 15 e faz com que a criança sinta uma hiperfagia, popularmente conhecido como "fome insaciável".

A SPW é uma doença genética rara que, além de prejudicar o desenvolvimento e causar hipotonia — diminuição da força muscular — exige um controle alimentar rigoroso, pois o apetite excessivo pode levar à obesidade ainda na infância.

A mãe de Melinda, Darlene Paulo, de 34 anos, relata que o diagnóstico confirmou um "choque de realidade", que não mudou apenas a família para outra região do Brasil, em busca de tratamento, como apresentou uma nova realidade para todos eles.

Diagnóstico e desafios

A descrição do diagnóstico de Melinda, segundo o relato de sua mãe, começou logo após o nascimento da criança, em função de sinais observados desde a fase de recém-nascida.

"A partir do diagnóstico confirmado vem o choque de realidade, apesar de já desconfiar a gente sempre torce pra que seja uma condição passageira ou temporária", afirma Darlene.

Os desafios da família de Melinda são constantes e profundos. Darlene explica que a síndrome mudou toda a rotina de uma família.

"Antes, nós sempre gostávamos de frequentar restaurantes e as nossas saídas de final de semana se resumiam a fazer turismo gastronômico, além de ter reduzido bastante essa frequência, agora nós damos prioridade a fazer a comida em casa e nas refeições oferecer a ela alimentos menos calóricos", explica.

A vida social também foi afetada. Melinda, que hoje pesa 15 quilos, precisa de restrições severas e os cuidados impactam todos os membros da família.

"O maior desafio é ter que reduzir as possibilidades do irmão que também é uma criança, apesar dele entender e ajudar bastante, é muito difícil privar ele por causa da condição da irmã", afirma Darlene.

Tratamento

Além dos desafios impostos pelo diagnóstico, a SPW exige acompanhamento vitalício por uma equipe multidisciplinar. Contudo, acesso a profissionais que conhecem a síndrome é difícil, mesmo em Florianópolis.

"A síndrome é desconhecida até mesmo pelos médicos, salvo aqueles que já tratam especificamente dela, que são os geneticistas e endocrinologistas, então são profissionais especializados que geralmente não atendem via plano de saúde", explica a genitora de Melinda.

Atualmente, a prioridade da família é buscar o hormônio do crescimento (GH), essencial para o desenvolvimento muscular e queima de gordura. O tratamento da SPW não tem cura, mas busca controlar as manifestações da doença por toda a vida.

Darlene relata que está no processo para conseguir a receita do tratamento, após uma longa bateria de exames que sustentarão o pedido para o plano de saúde. A garantia de suporte total das dosagens necessárias para o crescimento de Melinda, contudo, não está garantido.

"Como ainda não temos a receita do GH ainda estamos buscando informações, parece que o SUS (Sistema Único de Saúde) oferta aqui em Santa Catarina, mas por enquanto não temos a certeza ainda", explica.

A CNN entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber se o remédio é oferecido pelo SUS e aguarda retorno.

A família contudo, não esperou de braços cruzados. Uma campanha de arrecadação contou com a ajuda de amigos, familiares e colegas de trabalho.

"Organizamos a rifa com a intenção de criar uma reserva para situações que considerássemos mais urgentes e aquelas que o plano de saúde geralmente demora um pouco mais para autorizar", afirma Darlene.

Suporte para outras famílias

Darlene acredita que o caso envolvendo a pequena Melinda é, mais uma prova, de que as famílias mais vulneráveis devem buscar as informações sobre a síndrome, identificando os sinais e buscando atendimento o quanto antes.

"A omissão da saúde pública só ocorre por causa dessa subnotificação e somente com a união dos portadores e familiares conseguiremos expor nossas demandas e pressionar os responsáveis pela agilidade na aprovação e distribuição desses medicamentos", conclui.

Profissionais que lidam com a síndrome afirmam que o tratamento antecipado potencializa demais o desenvolvimento não só dos portadores da Prader-Willi, mas também de outras síndromes.




Nenhum comentário

Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.