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Quadrilha usa maquininha adulterada para roubar cartão e senha

Da Redação com Mauren Luc/FolhaPress Foto: Shutterstock

Uma nova modalidade de golpe se espalha pelo país, causando prejuízos financeiros significativos a centenas de vítimas. A Polícia Civil do Paraná e de São Paulo investigam uma quadrilha que utiliza maquininhas de cartão adulteradas para roubar dados bancários e o cartão físico dos clientes. Os criminosos se disfarçam de ambulantes, falsos motoboys e até motoristas por aplicativo.

O golpe funciona de maneira sorrateira: a maquininha adulterada copia a senha digitada pela vítima e a envia via bluetooth para a quadrilha. Em seguida, os golpistas, sob o pretexto de que a transação não foi aprovada, trocam o cartão da vítima por um cartão falso semelhante, ficando com o original e a senha.

Vítimas em diversos estados e prejuízos milionários

As investigações apontam que o crime já atingiu cidades em pelo menos quatro estados: Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Curitiba, uma jornalista teve um prejuízo de R$ 28 mil em poucas horas. O golpe aconteceu na saída de um show, quando a vítima tentava comprar camisetas de um falso ambulante. O criminoso trocou o seu cartão em segundos e, só no dia seguinte, a vítima descobriu que o cartão em sua posse não era o dela.

A Delegacia de Estelionato de Curitiba já apreendeu várias máquinas adulteradas e prendeu três suspeitos, todos com passagens por estelionato. Em São Paulo, o Departamento de Investigações Criminais (DEIC) apreendeu 17 máquinas e identificou quatro suspeitos e nove vítimas.

O delegado Emmanoel David, responsável pela investigação em Curitiba, alerta que o golpe está se diversificando. Além de ambulantes em eventos, os criminosos agem como falsos motoboys, cobrando o frete de "presentes" e usando o momento da entrega para realizar a troca dos cartões.

Dificuldade para ressarcimento e a importância da atenção

Para as vítimas, a recuperação dos valores roubados é um desafio. Segundo o advogado Frederico Glitz, professor da Universidade Federal do Paraná, os bancos geralmente se recusam a ressarcir os prejuízos porque a transação é considerada "autorizada", já que a senha foi digitada pela própria vítima. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que cada instituição financeira tem sua própria política de devolução, baseada em análises individuais. No caso da jornalista de Curitiba, o dinheiro foi devolvido apenas após a intervenção do Procon.

Diante do aumento de 17% nos golpes eletrônicos em 2024, a polícia e especialistas reforçam que a melhor arma contra esses criminosos é a prevenção.

Como se proteger do golpe da maquininha

Para evitar ser a próxima vítima, siga estas dicas essenciais:

  • Reduza os limites dos seus cartões e ative as notificações de compras no aplicativo do seu banco, SMS ou WhatsApp.

  • Atenção ao passar o cartão: antes de digitar a senha, certifique-se de que o valor exibido na maquininha está correto.

  • Desconfie de máquinas danificadas ou de vendedores que alegam falta de conexão.

  • Não perca seu cartão de vista em momento algum.

  • Verifique se o cartão devolvido é realmente o seu.

  • Se for vítima de um golpe, bloqueie o cartão imediatamente, faça um boletim de ocorrência e solicite o ressarcimento ao banco. Caso o pedido seja negado, procure o Procon ou a Justiça.

O investimento dos bancos em segurança digital deve aumentar para R$ 4,7 bilhões em 2025, mas a cautela do consumidor continua sendo a principal barreira contra a ação de quadrilhas.



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