Minha Casa, Minha Vida também financia imóveis usados; veja regras e se você se enquadra
| Fonte: G1 Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Ao contrário do que muitos
imaginam, o programa habitacional Minha Casa, Minha
Vida (MCMV), do governo federal, não financia apenas imóveis novos.
Desde fevereiro de 2023, é possível utilizar os juros mais atrativos do
programa também para adquirir casa ou apartamento usado.
O comprador deve atender a
determinados critérios para se qualificar ao financiamento. Nesse sentido, uma
norma publicada pelo governo em 2024 limitou o acesso de parte da classe média
à compra de imóveis usados por meio do programa.
Alterações recentes, porém,
voltaram a dar certo fôlego ao mercado de usados dentro do MCMV.
- Em 5 de maio, o governo criou
a faixa 4, com possibilidade de compra de usados para famílias com
salários até R$ 12 mil.
- Além disso, facilitou o acesso para a faixa
3 do programa. (entenda abaixo)
Para financiar imóveis usados no
programa habitacional, a Caixa Econômica
Federal — responsável pela operação do MCMV — segue o mesmo modelo de
faixas de renda aplicado aos imóveis novos. Há, no entanto, algumas diferenças.
Veja quais são as principais
normas em vigor:
Conforme as normas do programa,
são consideradas casas ou apartamentos novos aqueles com o documento "habite-se"
(expedido pela prefeitura local) de até 180 dias. Após esse prazo,
portanto, o imóvel é considerado usado.
As exigências para ter acesso ao
financiamento de imóveis usados são as mesmas aplicadas aos imóveis novos,
segundo a Caixa.
Entre os critérios, estão:
- Não possuir outro imóvel no município onde
deseja comprar;
- Não ter sido beneficiado anteriormente
por programas habitacionais;
- Comprovar renda dentro dos limites estabelecidos;
- e ter capacidade de pagamento.
Taxas mais baixas
O MCMV oferece subsídios e juros
que variam de 4% a 8,16% ao ano nas três primeiras faixas do programa, a
depender da região do país. Em maio deste ano, também foi
criada a faixa 4, com juros a 10% para pessoas com salários de até R$ 12 mil.
Ao oferecer taxas mais baixas do
que as praticadas pelo mercado, o programa habitacional se tornou uma
importante alternativa em
meio ao encarecimento do crédito, conforme
já mostrou o g1.
Hoje, o financiamento
imobiliário tradicional está em torno de 12%. O custo é puxado pela
Selic, a taxa básica de juros do país, atualmente
em 14,75% — maior patamar em quase 20 anos — e sem previsão de queda.
Usados em alta preocupam setor
de construção
Dados recentes mostram a
importância dos financiamentos do Minha Casa, Minha Vida para o mercado
imobiliário. No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, praticamente metade
dos empreendimentos lançados e de venda de imóveis novos contaram
com os incentivos do programa.
Essa
dependência acendeu um alerta no setor de construção, especialmente diante
do aumento nos financiamentos de imóveis usados dentro do MCMV.
Dados do Ministério das Cidades
compilados por Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV
Ibre, mostram que, em 2024, houve o maior número de contratos para
imóveis usados na história do programa.
No ano, foram contratadas um
total de 583 mil unidades, sendo 427,9 mil novas e 155,1 mil usadas. Os dados
revelam que os imóveis usados chegaram a uma parcela de 27% do total de
financiamentos, proporção recorde na modalidade.
Os dados acima, explica a
professora, consideram contratos feitos com base em recursos do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço) — principal fonte do MCMV. Portanto,
compõem o histórico do programa desde 2011, conforme disponibilização de
números pelo Ministério das Cidades.
"O forte aumento na
contratação de usados entre 2023 e 2024 levou a uma pressão pelo setor de
construção", diz Ana Maria Castelo, do FGV Ibre. "Com isso, o governo
fez alterações olhando, principalmente, para a faixa 3 do programa."
Ela se refere à publicação de uma
instrução normativa pelo governo federal, em agosto de 2024, com alterações
nas condições de financiamento de imóveis usados com recursos do FGTS.
O texto estabeleceu uma redução
no valor máximo permitido para financiamento de imóveis usados na faixa 3, de
R$ 350 mil para os atuais R$ 270 mil. Além disso, exigiu um
valor de entrada maior de compradores.
Castelo lembra que um dos
principais argumentos das construtoras contra os usados é de que imóveis novos
impulsionam a atividade econômica e geram empregos, fomentando também o
FGTS. A pressão do setor, acrescenta ela, vem justamente em meio ao
"cobertor curto" do fundo, cujo recurso é "escasso e
disputado".
"As mudanças, portanto,
foram no sentido de diminuir os valores dos imóveis usados e aumentar o
percentual de entrada que a pessoa precisa pagar", diz.
Procurada pelo g1, a Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) diz que compreende que os usados são uma alternativa válida
em locais com carência de oferta de novos empreendimentos ou onde a capacidade
instalada da construção civil ainda é limitada.
Afirma, no entanto, que a
prioridade estrutural do MCMV deve permanecer na produção de moradias novas,
responsáveis por "ativar diretamente a cadeia produtiva da construção
civil", com mão de obra "essencial para a retroalimentação do
FGTS".
"Já a aquisição de imóveis
usados, embora relevante em determinados nichos, não gera postos de trabalho
diretos nem contribui para a sustentabilidade do fundo", argumenta.

/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/R/q/dhdRGASz2mMY6zDSxz1A/250523-minhacasa-minhavidav3.jpg)


Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.