Conheça as estratégias dos bandidos e não caia no golpe da biometria facial
Fonte: Fantástico Foto: Reprodução
A biometria facial, que foi criada justamente para dar mais segurança ao mundo digital, também está sendo usada em golpes no Brasil inteiro. Uma promessa de emprego ou uma visita de supostos agentes de saúde para agilizar uma cirurgia pelo SUS: estelionatários inventam desculpas para supostamente tirar fotos das vítimas, mas o que na verdade eles querem é desbloquear empréstimos e financiamentos.
“O rosto hoje é a senha. Ela é a
porta de entrada. Ela é a chave para abrir a sua conta bancária, para abrir
diversas aplicações que você tem por aí”, afirma o especialista em
cibersegurança Álvaro Massad Martins.
A biometria facial passou
a ser usada com mais frequência a partir de 2020, inclusive para assinatura de
documentos. Ela é considerada uma das tecnologias mais seguras para
identificação de pessoas, já que leva em conta as medidas de vários pontos do
rosto.
Falsas agente de saúde
Em São
Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, duas
falsas agentes de saúde dizem para a vítima que a visita a domicílio é para
antecipar uma cirurgia pelo SUS que ela havia agendado. No apartamento, elas
fingem tirar uma foto, mas na verdade, fazem o reconhecimento facial. Com
a biometria e os dados coletados da vítima, contratam empréstimos consignados
sem a idosa perceber.
“Elas foram simpáticas. Hoje,
quando eu vejo que eu caí na lábia delas, eu fico com raiva de mim mesmo”,
conta a vítima.
Com base em imagens, a Polícia Civil identificou
e prendeu as duas golpistas: Joyce Melo dos Santos e Denise Silveira Pinheiro.
Na casa da Denise, os policiais encontraram um jaleco. Ela e Joyce foram
reconhecidas por três vítimas, que ficaram no prejuízo.
“A Joyce já tinha esse histórico
de estelionato e de crimes praticados no Sul. E a Denise, que foi solta, ela já
respondia a um crime de estelionato contra a Caixa Econômica Federal, diz o
delegado Américo dos Santos Neto.
O Fantástico não
conseguiu contato com a defesa de Joyce e Denise.
Em nota, a Prefeitura de São
Bernardo do Campo fez um alerta dizendo que "os agentes
comunitários de saúde não realizam filmagens ou fotografias do rosto dos
pacientes, nem solicitam impressões digitais durante as visitas, tampouco a
coleta de qualquer dado biométrico”.
A Polícia Civil continua
a investigação e tenta identificar e prender outros quatro criminosos que
aplicavam o golpe da biometria. Enquanto isso, muitas das vítimas ainda
sofrem. Elas simplesmente não conseguem suspender os descontos mensais dos
empréstimos consignados.
Em nota, a Febraban diz que
"cada instituição financeira tem sua própria política de análise e
devolução, que é baseada em análises individuais, considerando as evidências
apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas”.
Promessa de emprego
No Sul do Brasil, outras
quadrilhas usaram o golpe da biometria para enganar pessoas
que só queriam um emprego. As vítimas achavam que estavam sendo
fotografadas para o cadastro da empresa, quando, na verdade, estavam assinando
documentos eletronicamente.
Um morador de Florianópolis imaginava
ter encontrado uma boa oportunidade de trabalho como motorista. A foto que o
entrevistador tirou era uma biometria facial. Com a biometria e os dados
coletados durante a entrevista, os golpistas financiaram um carro em nome da
vítima no valor de quase R$ 69 mil.
A vítima conseguiu entrar em
contato com o banco a tempo de suspender o financiamento. Os criminosos ainda
não foram identificados, mas o golpe do falso emprego já fez vítimas em outros
estados.
Em Guarapuava,
no Paraná, a Francielle Kretchemer recebeu uma proposta de emprego de uma
suposta empresa de recursos humanos. Durante a entrevista de emprego, o
golpista pediu para tirar uma foto dela. No dia seguinte, a surpresa: os
golpistas haviam financiado um carro em nome da Francielle por R$ 170 mil.
Rafael Bueno Carneiro, e Mateus
Ramos de Carvalho foram presos em flagrante enquanto aplicavam o mesmo golpe em
outra vítima.
“A gente acredita que um coletava
os dados pessoais e biometria facial e repassava a esse segundo envolvido aqui
da cidade e já tentava lá a liberação dos financiamentos veiculares”, diz o
delegado Ramon Galvão Zeferino.
O advogado de Mateus e Rafael
disse, em nota, que "nenhum valor eventual decorrente de atividades
ilícitas foi auferido por eles" e "tampouco exerceram qualquer
controle ou influência sobre as operações fraudulentas”.
A polícia também indiciou os
donos de duas revendedoras de carros que foram usadas para receber as
transferências bancárias dos financiamentos.



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