Mais de 100 trabalhadores morrem em acidentes de trabalho em 2022, diz Ministério Público do Trabalho
Mato Grosso registrou 107 mortes
de trabalhadores com carteira assinada em 2022, conforme um levantamento feito
pelo Ministério Público do Trabalho do estado (MPT-MT) no Dia
Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho comemorado no dia 28 de abril. Este dia é uma forma de manter viva a
importância da prevenção e o cuidado durante o exercício do trabalho.
De acordo com a Distribuição dos
Acidentes de Trabalho, Mato Grosso ocupa a 12° posição no ranking nacional de
estados que mais contabilizaram Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), o
que equivale a 2% dos 612,9 mil acidentes registrados em todo o Brasil durante
esse período.
- Cuiabá, com 2.210;
- Rondonópolis, com 880;
- Sinop, com 775;
- Lucas do Rio Verde, com 595;
- Várzea Grande, com 533.
A vendedora Samira Medeiros
Ferreira, de 20 anos, contou ao g1 que quebrou o tornozelo esquerdo quando foi
guardar materiais na loja que ela trabalha em Cuiabá. Segundo ela, o acidente
ocorreu porque as luzes estavam apagadas.
“Estava muito escuro, nisso,
acabei não vendo um degrau e pisei em falso, momento em que quebrei o osso do
pé. A empresa fez os primeiros socorros, ligou para a ambulância, mas, quando
os procurei para falar sobre como ficaria o pagamento e trabalho, alguns
representantes até me bloquearam em um aplicativo”, disse.
Samira sofreu o acidente em julho
de 2022 e ficou 10 meses sem poder trabalhar. Durante todo esse tempo, a
empresa não concedeu nenhum tipo de auxílio, segundo ela. A vendedora,
portanto, teve que recorrer ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“No mês do acidente recebi apenas
os dias trabalhados e, a partir de agosto, não recebi mais nada. Tentei
conseguir algo pelo INSS, mas só consegui o retorno depois de um tempo, já que
eles só me pagaram o salário mais benefício em fevereiro deste ano, ou seja,
fiquei sete meses sem dinheiro algum”, contou.
A vendedora ainda teve que passar
por três cirurgias. No acidente, ela quebrou o tornozelo em três partes, além
de ter rompido um ligamento.
“O processo todo foi bem difícil
para mim. Fiquei quatro meses sem dar movimento nenhum. Vou voltar para o
trabalho logo e ainda não sei como vão ficar as minhas atividades dentro da
empresa, já que antes eu vendia, era caixa e ainda fazia a limpeza quando
precisava, agora mal consigo ficar em pé”, ressaltou.
De acordo com o procurador do
Ministério Público do Trabalho, Bruno Lima, a empresa ou empregador deve
fornecer um ambiente de trabalho capaz de garantir a segurança do trabalhador
para que todas as atividades que lhes são pedidas sejam exercidas sem risco de
perigo.
“A empresa deve, primeiramente,
fazer um diagnóstico da atividade que ela exerce, de todas as etapas do
processo produtivo, identificar todos aqueles fatores que podem,
potencialmente, causar algum tipo de acidente e, a partir disso, propor implementar
as providências adequadas para proteger a saúde do trabalhador”, explicou.
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