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Mundo| Rússia é o primeiro país do mundo a aprovar vacina contra Covid-19

Vacina: Putin anunciou o registro da primeira vacina contra a covid-19 (Paul Biris/Getty Images)

G1 MT

A Rússia se tornou o primeiro país a aprovar uma vacina contra a Covid-19, debaixo de uma desconfiança enorme da comunidade científica internacional. O anúncio foi feito pelo presidente Vladimir Putin menos de dois meses depois do início dos testes clínicos.

 

Autoridades russas compararam a busca por uma vacina à corrida espacial na Guerra Fria, entre a União Soviética e os Estados Unidos. Não à toa, o nome: Sputnik, uma homenagem ao primeiro satélite do planeta.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que conhece muito bem a vacina porque uma das filhas tomou. Putin contou que, depois da primeira dose, ela teve 38 graus de febre e, após a segunda, a temperatura também subiu um pouco, mas depois voltou ao normal. “Ela se sente bem e as estatísticas são ótimas”.

Nas palavras do presidente russo, a vacina “funciona com bastante eficácia, gera imunidade e passou por todas as verificações necessárias”, mas ele não citou que verificações foram essas.

Os testes clínicos iniciais da vacina russa em humanos começaram há menos de dois meses, no dia 17 de junho. O Instituto Gamaleya, de Moscou, testou apenas 38 pessoas e não publicou qualquer resultado desses estudos até agora.

Segundo o site da vacina, os testes da fase três, a mais avançada, com milhares de pessoas, considerada fundamental, vão começar nesta quarta-feira (12), em mais de 2.000 pessoas na Rússia, em países do Oriente Médio - como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita -, e da América Latina, como Brasil e México.

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, elogiou os esforços da Rússia e se ofereceu, ele mesmo, para participar dos testes.

Enquanto isso, a Rússia segue acelerando os passos. O ministro da Saúde, Mikhail Murashko, disse que professores e profissionais da saúde vão ser vacinados ainda este mês e que uma campanha de vacinação em massa vai começar no outono do hemisfério norte, ou seja, a partir de setembro.

O governo russo afirma que já recebeu pedidos de 20 países para um bilhão de doses e que firmou acordos internacionais para produzir 500 milhões de doses por ano. Parte, inclusive, no Brasil.

Associação de Organizações de Ensaios Clínicos, que representa as principais farmacêuticas do mundo na Rússia, pediu o adiamento da aprovação para depois da fase três. E a revista científica Nature estampou indignação em relação à segurança.

"A vantagem das outras vacinas, tanto da Sinovac quanto da Oxford com AstraZeneca, é que os artigos já foram publicados e, portanto, nós sabemos qual a segurança e a imunogenicidade dessa vacina. A vacina russa não tem nenhum artigo científico publicado a respeito desse produto", afirma Julio Croda, infectologista da Fiocruz.

 

A Organização Mundial da Saúde afirmou que está em contato com as autoridades de Saúde da Rússia e que conversas sobre um possível sinal verde da OMS estão em andamento. Mas frisou que, para isso, é fundamental uma revisão rigorosa de todos os dados sobre segurança e eficácia.

Para a organização, acelerar as pesquisas não pode significar mandar a segurança para o espaço.



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