Mato Grosso| Empresário preso diz ter feito acordo com governador na campanha
O
empresário Alan Malouf, que está preso há quase uma semana, disse, em
depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), na última sexta-feira (16),
ter ajudado a angariar recursos para a campanha do governador Pedro Taques
(PSDB), em 2014, a pedido do próprio Taques, denunciou suposto "caixa
2" e confessou ter participado de uma quadrilha que fraudou processos
licitatórios na Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Em
nota, o governador Pedro Taques classificou as afirmações do empresário de
levianas e absurdas, negou a existência de caixa 2 e disse que todas as
movimentações financeiras foram declaradas à Justiça Eleitoral, inclusive as
despesas ainda não pagas.
Alan
Malouf confessou ter recebido R$ 260 mil, dividido em três ou quatro envelopes
deixados na casa e na empresa dele. Ele é apontado como um dos líderes do
esquema de desvio de verba da Seduc, a partir de fraudes em licitações para
obras de escolas estaduais.
Contudo,
Malouf alega ter integrado a organização criminosa por incentivo do empresário
Giovani Guizardi, que passou sete meses preso e foi solto no fim de dezembro
após acordo de delação premiada. Em depoimento ao MPE, Guizardi declarou
exatamente ao contrário, que o esquema na Seduc foi lhe apresentado por Alan
Malouf.
No
primeiro semestre de 2014, Alan afirmou ter sido procurado por Pedro Taques em
sua residência. Na ocasião, Taques, que tinha renunciado ao mandato de senador,
comentou com ele sobre o interesse em disputar a eleição ao governo do estado e
lhe pediu ajuda para conseguir o apoio de empresários.
Segundo
ele, o grupo de apoio de Taques era composto por ele e outros empresários.
Terminado o processo eleitoral, com a vitória do candidato, Malouf disse que o
governador eleito perguntou se ele tinha interesse em ocupar algum cargo na
gestão dele e ele respondeu que não.
Taques
também teria pedido a Alan que o ajudasse a quitar os débitos não declarados
que ficaram pendentes. "Ficou um débito não declarado e Pedro Taques pediu
que o interrogando o ajudasse a quitar esses débitos", diz trecho do
depoimento do empresário ao Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco).
Alan
negou conhecer o então secretário de Educação Permínio Pinto, que passou cinco
meses na prisão e foi solto na noite desta segunda-feira (19), e que não foi
responsável pela indicação do mesmo ao cargo na Seduc e que a escolha pelo que
sabia era do deputado federal Nilson Leitão e de Pedro Taques. Permínio também
é apontado como integrante do núcleo de lideranças do esquema.
Ele
afirmou ter acompanhado de perto a transição de governo. Disse que a empresa
dele Novo Sabor, do ramo de refeições coletivas, e outras empresas da família
dele participaram de alguns processos licitatórios do governo, mas que não
venceram. A pedido de Pedro Taques e do secretário-chefe da Casa Civil e primo
do governador, Paulo Taques, realizou o evento de posse de Taques, em 1º
janeiro de 2015, e que nunca recebeu nada pelo serviço. Em nota, Paulo Taques
disse que, junto com o governador, "irá constituir os advogados para atuar
no processo e garantir que a verdade prevaleça".
Giovani
Guizardi havia feito uma doação de R$ 200 mil para a campanha de Taques e
depois solicitou a Alan Malouf que o apresentasse ao então secretário de
Educação e, então, foi realizada uma reunião na empresa de Alan para que os
dois se conhecessem.
Nesse
encontro, Guizardi manifestou ao então secretário interesse em participar do
projeto "Escola Legal". Alan Malouf negou ter participado de qualquer
negociação a respeito desse projeto.
Alan
Malouf afirmou que, em outra ocasião, Guizardi lhe disse que tinha encontrado
um jeito de arrecadar o dinheiro para pagar as dívidas de campanha de Pedro
Taques e lhe contou sobre o esquema existente na Seduc com o envolvimento de
empresários do setor da construção civil e de servidores da Seduc.
A
princípio, ele disse ter se recusado a fazer parte da organização criminosa e
que, numa segunda reunião, Guizardi afirmou que estava conversando com Permínio
Pinto e que já estava "rolando" um esquema de retorno de dinheiro e
que vislumbrava ali uma oportunidade.
Guizardi
lhe disse que o servidor da Seduc Wander Reis, que tinha sido indicado pelo
presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Guilherme Maluf,
que é primo de Alan Malouf, teria participação no esquema e que tanto ele [Alan
Malouf], Permínio Pinto, Guizardi e Maluf seriam beneficiados economicamente
com essas fraudes.
Quando
Giovani falava no nome de Permínio Pinto sempre fazia questão de ressaltar que
Nilson Leitão (PSDB) também se beneficiaria economicamente, porém, Alan Malouf
disse não ter saber se de fato o parlamentar foi beneficiado.
Nilson
Leitão argumentou, em nota, que nunca participou de nenhuma reunião paraa escolha de secretários, e negou conhecer
Giovani Guizardi e o esquema investigado pelo MPE.
Pagamento de propina
De
acordo com Alan Malouf, o empresário tratava sobre o esquema diretamente com o
presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Guilherme Maluf
(PSDB), mas que nunca perguntou a Maluf a respeito dessa organização.
Uma
vez, a pedido de Guizardi, disse ter entregado R$ 40 mil a Guilherme Maluf.
Dessa vez, Guizardi lhe disse que era a parte do Guilherme na Seduc. O
presidente da ALMT tinha indicado os servidores da pasta, que permitiam que o
esquema fosse concretizado e que sem eles não seria possível. O dinheiro,
segundo Alan, foi recebido por Guilherme de forma natural.
Em
nota, Guilherme Maluf negou envolvimento com qualquer irregularidade na
Secretaria de Estado de Educação e disse lamentar que, "para se safar da
prisão, Alan e Giovani Guizardi tenham ligado seu nome a denúncias infundadas,
sem absolutamente nenhuma prova concreta". Alegou que sua assessoria
jurídica irá tomar as providências cabíveis sobre o caso.
G1
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