Preso suspeito de intimidar a ex enviou 40 Pix de R$ 0,02 com mensagens após ser bloqueado
| Fonte: G1 Foto: Foto: Divulgação/Polícia Civil |
O
homem de 27 anos preso por descumprir medida protetiva enviou vários Pix à
ex-companheira com mensagens para intimidá-la. Essa foi a maneira que
ele encontrou de manter contato com ela, depois de ser bloqueado nas redes,
segundo informações do Ministério Público Estadual (MPTO).
Como as transferências via Pix
permitem o envio de mensagem à pessoa que irá receber, ele fez 40 transações de
R$ 0,02 centavos intimidando a mulher para que voltasse a se relacionar com
ele. Segundo advogada especialista em direitos das mulheres Stella Bueno, a
conduta viola restrições impostas pela Justiça.
O cumprimento
de mandado de prisão preventiva ocorreu na última quarta-feira (18), em Araguaína,
norte do Tocantins. Equipes da Polícia Civil localizaram o investigado
no Setor Tocantins. O nome dele não foi divulgado e o g1 não
conseguiu contato com a defesa.
Conforme o MPTO, a mulher tinha
uma série de medidas protetivas, que estavam em vigor desde o ano passado.
Mesmo assim, o ex-companheiro insistia em tentar contato, descumprindo diversas
vezes as ordens de afastamento.
A vítima procurou a 3ª Delegacia
de Atendimento à Mulher (DEAM - Araguaína) para informar que o ex-companheiro
havia voltado a fazer intimidações. A situação foi repassada ao Ministério
Público e, no processo, a promotoria de Justiça informou que, até então, por
violar as medidas, ele havia recebido multas da Justiça.
Com a nova tentativa de perseguir
e intimidar a ex-companheira por meio das transferências bancárias, a Justiça
acatou o pedido do Ministério Público, e determinou a prisão do suspeito.
O Ministério Público argumentou
pela necessidade da prisão para garantir a ordem pública e a integridade física
e psicológica da vítima, que se sentia "extremamente incomodada, temerosa
e perseguida".
Além da prisão, a decisão da
Justiça também determinou que a Patrulha Maria da Penha acompanhe a vítima de
forma preventiva.
Intimidações via Pix
Segundo a advogada Stella Bueno,
especialista em Direitos das Mulheres, mestre em Direitos Humanos e
vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos das Mulheres no Tocantins, a
conduta de tentar se aproximar por diferentes meios é uma violação direta das
restrições impostas pela Justiça.
“As medidas protetivas geralmente
incluem proibições de contato, seja por meio físico, telefonemas, mensagens de
texto ou qualquer outro meio de comunicação. Portanto, mesmo que a comunicação
ocorra por um canal diferente, como uma transação financeira, a intenção de
ameaçar ou assediar a vítima é clara e pode ser considerada uma infração
legal”, explicou.
Além da intimidação às vítimas, o
envio de mensagens em tom de ameaça pode fazer com que as transferências se
tornem evidências no processo judicial, ressaltou a advogada.
“As vítimas podem documentar
esses envios e apresentá-los às autoridades, o que pode levar a sanções mais
severas para o agressor. Assim, a combinação de ameaças com o uso de Pix para
comunicação pode ser vista como uma tentativa de contornar as medidas protetivas
e, portanto, pode resultar em consequências legais para o agressor”, alertou a
especialista.
Para mulheres que passam por esse
tipo de intimidação ou ameaça, Stella faz as seguintes orientações que vão
ajudar na proteção das vítimas e responsabilização do agressor:
- Documente todas as interações. Isso inclui salvar
mensagens, capturas de tela de transações de Pix, e qualquer outro tipo de
evidência que mostre o contato;
- Anotar datas, horários e detalhes sobre cada
ocorrência também é importante;
- A vítima deve registrar um boletim de ocorrência na
delegacia mais próxima e apresentar a documentação;
- Em casos de emergência ou quando a segurança da
vítima está em risco imediato, é importante contatar a polícia militar,
através do 190. A denúncia deve incluir a natureza das ameaças e a
violação das medidas protetivas.
Procurar um advogado
especializado em direito de família ou violência doméstica pode ajudar a vítima
a entender melhor seus direitos e as opções legais disponíveis.



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