Produção de biodiesel cresce em 20 anos e chega a 77 bilhões de litros
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Fonte: Agência Brasil Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Em Janeiro completou exatos 20 anos do marco legal do biodiesel no
Brasil. A Lei 11.097/2005, sancionada no primeiro mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, introduziu oficialmente o combustível
renovável à matriz energética do país, como uma alternativa ao uso do diesel de
origem fóssil - mais poluente e proveniente das reservas limitadas de petróleo.
A norma modificou a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis com a atribuição de regular a produção e
comercialização de biocombustíveis no país, pondo em prática o Programa
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).
A lei foi a primeira a constituir o marco legal do biodiesel
e fixou uma mistura obrigatória de 5% do combustível renovável no óleo diesel
comercializado no país, criando a mistura chamada de diesel B. Um período
transitório de até oito anos previa uma mistura com apenas 2% de biodiesel,
inicialmente voluntária e que passaria à obrigatoriedade em três anos.
Em 2009, a mistura obrigatória de 5% foi estabelecida por uma
resolução do Conselho Nacional de Política Energética e, desde então, houve uma
evolução gradual que levou ao biodiesel B14, com acréscimo de 14% de biodiesel no
diesel B, a partir de março de 2024.
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o
principal avanço no período de vinte anos foi a expansão da produção e do uso
do biocombustível, com consequente impulsionamento do desenvolvimento
sustentável nos aspectos ambiental, social e econômico. “Nessas duas décadas,
produzimos 77 bilhões de litros de biodiesel, economizando 38 bilhões de
dólares em importação de diesel”, diz.
Além disso, a trajetória evitou a emissão de 240 milhões de
toneladas de gás carbônico, gerando empregos e oportunidades aos agricultores
familiares, tornando biodiesel “um grande aliado na transição energética justa
e inclusiva do país”, destacou Silveira.
Em 2023, a produção nacional de biodiesel foi de mais de 7,5
bilhões de litros, o que representou uma expansão de 19%. em relação ao ano
anterior, segundo o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis 2024, divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP).
No mesmo ano, a demanda de óleo diesel rodoviário cresceu
1,7 bilhão de litros. Desse total, 1 bilhão de litros foi suprido pela produção
de biodiesel usado na mistura obrigatória de 12%, na época, apontou o Atlas da
Eficiência Energética 2024, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE).
Embora esse crescimento ainda não seja capaz de acompanhar o
aumento acelerado da demanda por energia para transporte, o avanço do biodiesel
ganha força quando se soma aos resultados de outras políticas como a do etanol,
a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), criada em 2017, e a
recém-aprovada Lei do Combustível do Futuro (14.993/24). Nesse cenário, a
produção de biocombustíveis no país contou ainda, em 2023, com a produção de
35,4 bilhões de litros de etanol e 74,9 milhões de m³ de biometano, informa a
agência.
A nova lei também criou instrumentos de estímulo à produção
e uso de novos biocombustíveis, como o Combustível Sustentável de Aviação (SAF)
e o diesel verde, produzido a partir de resíduos orgânicos.
Diversificação
A diversificação de fontes energéticas de baixo carbono
também revela uma estratégia para enfrentar o desafio da dependência da soja
como matéria-prima para a produção de biodiesel. De acordo com a EPE, o óleo de
soja representou 69,15% da matéria-prima utilizada na produção de biodiesel em
2023.
“Essa dependência coloca a sociedade em uma posição
vulnerável a flutuações nos preços. Por isso, nosso objetivo é fortalecer as
estratégias de diversificação das fontes de matéria-prima para bioenergia,
ampliando o uso de alternativas de baixo carbono, como óleos de cozinha usados
e gorduras animais”, destaca Alexandre Silveira.
Em dezembro de 2024, o Conselho Nacional de Politica
Energética aprovou uma resolução para estimular o uso de óleos e
gorduras residuais na produção de biodiesel e outros combustíveis. Até junho
deste ano o MME deverá publicar portaria conjunta com o Ministério do Meio
Ambiente para estabelecer um percentual mínimo de uso desse material na
produção de biocombustíveis.
Segundo o ministro de Minas e Energia o reflexo das
políticas públicas demonstra o compromisso do governo brasileiro com a expansão
dos biocombustíveis na matriz energética brasileira e “por conta desses
avanços, em 2024 alcançamos a marca histórica de 9 bilhões de litros
produzidos. Um número que demonstra a importância do biodiesel para o Brasil”,
diz.
Desenvolvimento
Para o ministro, esses resultados também representam
desenvolvimento econômico, geração de emprego e transformação social,
fomentados pela política criada com o Selo Biocombustível Social,
que em 2024 passou por uma revisão das normas criadas em 2004.
Com as mudanças, além dos benefícios fiscais e comerciais
concedidos aos produtores de biodiesel que usam matéria-prima da agricultura
familiar, foram criadas linhas de fomento a projetos de pesquisa, de
estruturação de cadeias produtivas e de fortalecimento das organizações da
agricultura familiar.
“As políticas públicas adotadas no Brasil para a mobilidade
sustentável no transporte contribuem para o desenvolvimento de soluções
tecnológicas alinhadas ao reconhecimento de que os biocombustíveis desempenham
um papel estratégico crucial em um dos maiores desafios do século XXI que é a
transição energética. Esse desafio não envolve apenas a redução das emissões de
gases de efeito estufa, mas também a promoção de uma economia mais resiliente e
sustentável”, conclui.
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