Uso indiscriminado de colírio pode causar graves doenças
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De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto,
presidente do hospital, a maior causa dessa vermelhidão e desconforto nos olhos
durante o verão é a conjuntivite, inflamação na conjuntiva, membrana
transparente que reveste a pálpebra e a esclera, parte branca do olho. A
conjuntivite, comenta, tem como efeitos colaterais no olho a desestabilização
da lágrima e da córnea, lente externa do olho, que se nutre do filme lacrimal.
É portanto, um fator de risco para olho seco evaporativo e
ceratite, inflamação da córnea. “Isso porque, a conjuntiva produz junto
com as glândulas lacrimais a camada de mucina do filme lacrimal que permite a
aderência da lágrima à superfície do olho. Por isso, manter a hidratação dos
olhos é a primeira recomendação para enfrentar o calor extremo com mais
conforto” esclarece.
Outras inflamações
Queiroz Neto afirma que o calor também estimula a formação
do terçol ou hordéolo que causa dor, vermelhidão e inchaço na pálpebra
superior. O terçol, explica, é a inflamação de duas pequenas glândulas
localizadas na base dos cílios provocada pelo acúmulo de oleosidade da pele e
proliferação de bactérias que aumentam no calor. É mais frequente em
adolescentes que têm acne, pessoas com blefarite, inflamação crônica das
pálpebras, e mulheres que usam maquiagem de baixa qualidade, vencida, ou
não retiram completamente o make antes de dormir.
Quando a inflamação acontece nas glândulas da pálpebra que
produzem a camada oleosa da lágrima forma o calázio, uma bolinha dura na
pálpebra.
Tratamentos
O especialista ressalta que nos casos de conjuntivite nenhum
colírio deve ser usado sem prescrição e acompanhamento médico. Isso porque, o
tratamento varia conforme a gravidade e tipo de conjuntivite. Geralmente dura
de 7 dias a 2 semanas. A conjuntivite viral, ressalta, tem uma secreção
viscosa. Quando é branda pode ser tratada com colírio anti-inflamatório não
hormonal que é isento de corticoide. As inflamações graves são tratadas
com anti-inflamatórios hormonais.
Na conjuntivite bacteriana você pode acordar com as
pálpebras grudadas. Queiroz Neto afirma que tem como diferencial a secreção
amarelada e purulenta. E tratada com colírio antibiótico que geralmente deve
ser instilado no olho por 7 dias.
A conjuntivite alérgica tem como principais características
secreção aquosa e coceira intensa que aumenta a vermelhidão quanto mais os
olhos são coçados. O tratamento pode ser feto com colírio antialérgico nos
casos brandos e corticoide nos severos. Uma dica do oftalmologista é aplicar
compressas frias nos olhos para diminuir o prurido.
A conjuntivite tóxica decorrente do contato da mucosa ocular
com algum produto de higiene pessoal geralmente não requer uso de colírio.
Desaparece espontaneamente. Para aliviar o desconforto a principal recomendação
é lavar abundantemente os olhos com água. Pessoas mais sensíveis devem fazer
compressas frias com água ou soro fisiológico. Caso evolua para conjuntivite
alérgica o tratamento é feito com colírio anti-histamínico sempre com
supervisão médica.
Ao primeiro sinal tanto de terçol como de calázio
Queiroz Neto recomenda aplicar quatro vezes ao dia compressas mornas
feitas com gaze e soro fisiológico durante quinze minutos. Caso não perceba
melhora em dois dias é necessário consultar um oftalmologista.
Riscos da automedicação e prevenção
O especialista afirma que o uso indiscriminado de colírios
mascara doenças possibilitando a evolução silenciosa de alterações nos olhos.
Quando o colírio contém corticoide a dosagem diária deve ser retirada
lentamente para não causar efeito “rebote”, ou seja, a reativação da doença que
volta a se manifestar de forma mais agressiva.
Por outro lado, o uso de corticoide por um período de tempo
prolongado pode causar catarata e glaucoma, importantes causas de perda da
visão no País, salienta. O especialista afirma que a catarata é uma causa
tratável de perda da visão com implante de uma lente intraocular que substitui
o cristalino opaco e pode e eliminar o uso dos óculos de grau para todas as
distâncias quando é implantada uma lente multifocal. Já o glaucoma é
caracterizado pela obstrução do escoamento do humor aquoso no globo ocular que
aumenta a pressão intraocular e requer uso contínuo de colírio antiglaucomatoso
para impedir a morte das células do nervo ótico que são irrecuperáveis.
O colírio preferido na automedicação é o adstringente que
tem efeito vasoconstritor e deixa os olhos branquinhos. Muitos pacientes,
comenta, viciam neste colírio que ao longo do tempo pode causar hipertensão
arterial. “Manter as mãos limpas, os olhos hidratados, evitar excesso de
produtos na região dos olhos, não compartilhar colírio, fronha, tolha ou
maquiagem são as principais recomendações para evitar a conjuntivite, o calázio
e o terçol no verão”, finaliza.
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