Geral| Produções e exportações de gado, leite e madeira são paralisadas devido aos atoleiros em BR que liga municípios de MT
G1
A região noroeste de Mato Grosso é considerada uma grande
produtora de madeira, gado e leite e depende da BR-174 para escoar e exportar a
produção. Mas no período de chuva, passar pela região tem sido um grande
desafio. Os caminhoneiros chegam a ficar dias parados nas estradas, o que faz
com que a maioria da produção seja perdida e algumas atividades sejam
paralisadas.
A BR-174 tem 1.902 km que ligam Cáceres até Roraima, na fronteira com a Venezuela. Desse total, mil quilômetros não têm asfalto. O trecho entre Castanheira e Colniza é um dos mais críticos para os motoristas.
A BR-174 tem 1.902 km que ligam Cáceres até Roraima, na fronteira com a Venezuela. Desse total, mil quilômetros não têm asfalto. O trecho entre Castanheira e Colniza é um dos mais críticos para os motoristas.
“É um trajeto de cerca de 200 km e gastamos cinco dias para
passar”, contou o caminhoneiro Vanderson Pereira.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) informou que a BR-174 ainda não é uma rodovia implantada e que o
processo encontra-se em fase de estudos ambientais pelo governo de Mato Grosso.
Por isso, as adequações necessárias na pista só poderão ser feitas depois da
implantação da estrada.
Enquanto isso, segundo o Dnit, equipes de manutenção estão
trabalhando entre os municípios de Castanheira, Juruena e Colniza. O
departamento afirmou que os trabalhos são feitos em uma extensão de 363 quilômetros,
como recuperação de pontes e cascalhamento da rodovia.
A demora na entrega da matéria-prima impacta na economia da
região. Uma indústria instalada em Juruena, está operando em cerca de 40% da
capacidade e não consegue cumprir os prazos de exportação para o Irã e Japão, pois
os caminhões demoram para chegar ao Porto de Santos (SP).
Segundo o gerente industrial do frigorífico, Euclides Santos
Júnior, o local tem capacidade para abater 600 animais por dia, mas estão
recebendo apenas cerca de 150 animais.
“A matéria-prima chega com atraso e o escoamento dessa carne
também não está fácil. Nosso caminhão fica parado nas estradas e isso atrasa
nossa entregas”, disse.
Uma indústria de laticínios da cidade também teve que
reduzir a produção e não está conseguindo atender clientes de outros estados.
O diretor da indústria, Lenoir Maria Júnior, contou que os
caminhões quebram nas estradas e o leite que precisa ficar a 3°C, acaba ficando
até um dia na estrada e chega na empresa a 7°C. Com isso, o produto é jogado
fora.
“As máquinas estão paradas, devido à produção que não está
dando conta de chegar com a matéria prima”, disse.
No campo o leite é tirado, mas muitas vezes nem sai da propriedade. No sítio da produtora Marlise Ninow o leite é o que sustenta a casa. As ordenhas são feitas duas vezes por dia.
No campo o leite é tirado, mas muitas vezes nem sai da propriedade. No sítio da produtora Marlise Ninow o leite é o que sustenta a casa. As ordenhas são feitas duas vezes por dia.
Depois da ordenha o leite é levado para um resfriador onde
pode permanecer até dois dias, conforme as normas do Ministério da Agricultura.
No entanto, os caminhões que fazem a coleta não estão chegando dentro do prazo
e mais de 1,7 mil litros de leite são desperdiçados.
“Esse é o sustento da minha família. Eu preciso desse leite
para vendê-lo, mas não tem como levar e os laticínios não conseguem buscar por
causa dos atoleiros. Essa é a nossa situação”, lamentou.
O presidente do Sindicato Rural de Juruena, Marcos Rodrigues
também lamentou a situação.
“Somos seres humanos e a carga tributária que pagamos é
igual a que todos pagam onde tem pavimentação. É muita falta de respeito com os
produtores e com a população que vive aqui”
Passageiros de ônibus também são prejudicados e precisam
ficar parados nas estradas por vários dias. No entanto, eles reclamam que a
água e o alimento já estão acabando.
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