Intolerância religiosa: Disque 100 registra 2,4 mil casos em 2024
| Fonte: Notícias ao Minuto Foto: © Ueslei Marcelino/Reuters |
O Ministério dos Direitos Humanos
e da Cidadania (MDHC) divulgou que foram registradas em todo o país, em 2024,
2.472 denúncias de casos de intolerância religiosa pelo Disque
Direitos Humanos (Disque 100), coordenado pela pasta.
O número representa uma alta de
66,8% em relação às denúncias deste tipo feitas em 2023 (1.481). São quase 1
mil denúncias a mais em 2024, anunciou o MDHC. Se considerados os dados
registrados entre 2021 e 2024, o crescimento das denúncias de violações foi de
323,29%.
A divulgação dos números ocorreu
no Dia do Combate à Intolerância Religiosa, em memória da Iyalorixá baiana,
Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda de Ogum, que fundou em 1988, o
terreiro da Nação Ketu/Nagô, Ilê Asé Abassá de Ogum, no bairro de Itapuã, em
Salvador.
O painel interativo de dados da
Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revela os números de violações relativas
à intolerância religiosa.
Durante todo o ano de 2024, as
pessoas violadas com mais frequência são pertencentes aos segmentos: umbanda
(151), candomblé (117), evangélico (88), católico (53), espírita (36), outras
declarações de religiosidades afro-brasileiras (21), islamismo (6), judaísmo
(2). Em 1.842 denúncias, não houve indicação da religião.
A maioria das vítimas da discriminação
religiosa são mulheres (1.423). Outras 826 violações foram sofridas
por homens. Os demais registros não tiveram o gênero informado ou a
questão não se aplica porque a denúncia se refere a uma família ou a uma
comunidade.
De acordo com a plataforma
governamental, as unidades da federação com os maiores números de denúncias
são: São Paulo (618), Rio de Janeiro (499), Minas Gerais (205), Bahia (175),
Rio Grande do Sul (159), além do Distrito Federal (100).
Em Brasília, durante o evento “O
Papel da Religião para a Promoção da Paz: Construindo Pontes e Entendimentos
Mútuos", nesta terça, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania,
Macaé Evaristo, reforçou que o Estado brasileiro é laico.
“Reafirmar a laicidade do
Estado não é dizer que não está nem aí para as religiões. Pelo contrário, é
reconhecer que temos formas plurais de nos relacionarmos com o sagrado, que
temos no nosso país uma pluralidade religiosa e o Estado brasileiro respeita,
protege e zela pelo direito das pessoas de exercerem sua religiosidade”, frisou
a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
O Dia do Combate à Intolerância
Religiosa foi oficializado pela Lei Federal nº 11.635/2007, para marcar a data
de falecimento da Mãe Gilda de Ogum, com o objetivo de lembrar a garantia da
liberdade religiosa, no país, prevista no artigo 5º inciso VI da
Constituição Federal de 1988. “É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
A homenageada pela lei federal,
Mãe Gilda de Ogum teve a casa e o terreiro de candomblé invadidos por um grupo
de outra religião. Após perseguições, agressões físicas e difamação, a ativista
social morreu vítima de infarto fulminante, em 21 janeiro de 2000.
Nesta terça-feira, em sua rede
social, a ministra do MDHC, Macaé Evaristo, comentou que a data marca a luta
contra a intolerância religiosa e destacou a diversidade religiosa do país. “É
assim nas nossas famílias. A gente tem uma mãe do candomblé, um irmão que é
católico, outro irmão que é evangélico. E a gente preza pela nossa convivência,
que cada um seja respeitado na sua religiosidade. Seguimos firmes na luta
contra a intolerância religiosa”.
No Brasil, os casos de atitudes
ofensivas contra as pessoas por causa das suas crenças, rituais e práticas
religiosas podem ser registrados pelo Disque 100.
O serviço gratuito funciona 24
horas por dia, todos os dias da semana, inclusive feriados, e pode ser acionado
pelo telefone 100.
Para denunciar as ocorrências de
intolerância religiosa, o MDHC ainda disponibiliza outros canais: WhatsApp, no
número (61) 99611-0100; no Telegram (digitar "direitoshumanosbrasil"
na busca do aplicativo); no site do Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania para videochamada em Língua Brasileira de Sinais
(Libras).
A pasta esclarece que em todas as
plataformas as denúncias são gratuitas, anônimas e recebem um número de
protocolo para que o denunciante acompanhe o andamento da denúncia diretamente
por meio de número de protocolo.
O Disque 100 não atua na apuração
de denúncias. Sua função é encaminhar aos órgãos competentes para que avaliem
se a denúncia constitui um crime ou não.
Para que a denúncia seja
encaminhada da maneira mais eficaz possível, apresente o máximo de dados que
possui e conte tudo o que ocorreu de maneira detalhada.


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