Dois novos estudos mostram risco de medicamentos e relação entre problemas de visão e demência
Fonte: G1 Foto: Claudia para Pixabay |
Estudo mostra que crescem os riscos de uma série de
resultados adversos, como o surgimento de coágulos, arritmia, infarto, acidente
vascular cerebral, fraturas, pneumonia e problemas renais agudos. O pior: as
chances de complicações aumentariam logo após o início do tratamento com as
drogas. Os pesquisadores estimaram que, nos seis primeiros meses de uso da
medicação, os antipsicóticos estavam associados a um caso a mais de pneumonia
para cada nove pacientes; e a um caso adicional de infarto para cada 167.
Os avisos sobre efeitos adversos já alertavam para o risco
de derrame, mas as evidências sobre os problemas eram inconclusivas. Para
esclarecer tais incertezas, os pesquisadores ampliaram o leque de investigações
de outros desfechos desfavoráveis. Foram utilizados dados de quase 174 mil
pessoas que foram diagnosticadas com demência entre 1998 e 2018, sendo que 35
mil receberam prescrição para antipsicótico pela primeira vez. Os resultados
indicam que é preciso avaliar com cuidado a necessidade de apelar para esse
tipo de medicamento, que deveria se tornar uma opção somente quando opções não
farmacológicas funcionassem. O trabalho foi
publicado na revista científica “The British Medical Journal”.
Outro estudo,
realizado por cientistas da Universidade de Loughborough, no Reino Unido,
apontou que problemas de visão podem ser os primeiros sinais de declínio
cognitivo. A pesquisa, associando a perda de sensibilidade visual a um quadro
demencial 12 anos antes do seu diagnóstico, se baseou no acompanhamento de
8.623 moradores saudáveis em Norfolk, na Inglaterra. No fim do monitoramento,
537 haviam desenvolvido demência, e foi possível mapear que fatores precederam
o diagnóstico.
O que o levantamento sugere é que as placas amiloides, que
são emaranhados de fragmentos de proteínas beta-amiloides – tóxicas para os
neurônios e suas sinapses – atacam, em primeiro lugar, áreas relacionadas à
visão. As partes do cérebro ligadas à memória seriam afetadas posteriormente, o
que só valoriza os check-ups oftalmológicos.
Há diversos aspectos do processamento visual que são
prejudicados com a Doença de Alzheimer, como a habilidade de enxergar o
contorno dos objetos e distinguir determinadas cores (o espectro de tons entre
o azul e o verde é afetado precocemente). Mais um sinal é o déficit do controle
inibitório dos movimentos oculares: pacientes apresentam maior dificuldade para
ignorar estímulos de distração. Os pesquisadores ainda reuniram evidências de
que, devido ao comprometimento visual, indivíduos com demência identificam os
rostos de desconhecidos com menor eficiência. Portanto, não reconhecer as
pessoas não seria apenas uma questão de comprometimento da memória.
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