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Mortalidade de mães pretas é duas vezes maior do que de brancas, aponta estudo da Fiocruz

Fonte: G1 Foto: Tv Brasil 

 

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes a 2022 mostraram que 100 mães pretas morreram para cada 100 mil nascidos vivos, o dobro do índice para mães brancas. A meta da Organização das Nações Unidas (ONU) é de 30 mortes a cada 100 mil nascidos vivos até 2030. Os dados são de estudo da Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde.

A incidência de morte de mulheres pretas no parto foi de 100,38, enquanto a de mães brancas foi de 46,56. O índice no caso das pardas foi de 50,36 para cada 100 mil. A morte é considerada materna quando acontece até 42 dias após o término da gravidez e por causa atribuída à gestação, parto ou puerpério.

Os números são da "Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento", estudo realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz e lançado em novembro.

A pesquisa foi feita com base nos dados dos sistemas de controle do SUS sobre internação de mulheres em casos de parto ou aborto, em hospitais públicos ou mistos. Também nesta quinta, o Ministério da Saúde lança a campanha “Racismo faz mal à saúde”, que será veiculada em redes sociais com material de conscientização sobre o impacto do social do racismo na saúde.

Diante dos números, o Ministério da Saúde anunciou a reabertura do Comitê Nacional de Prevenção à Mortalidade Materno Infantil. O governo também anunciou que uma das prioridades na área da saúde será a ampliação da oferta de centros de parto natural e maternidades, incluídos no Novo PAC (Programa de Aceleração Econômica).

Durante a pandemia da Covid-19, os índices de morte maternas dispararam diante da maior vulnerabilidade de gestantes diante do vírus. Em 2021, o índice ficou em 194,8 no caso de mulheres pretas, 121 em mulheres brancas e 100 para paras.

Assistência pré-natal

Um dos principais fatores para a morte após a gestação é a falta de assistência pré-natal, tanto para mães quanto bebês. A pesquisa aponta 13,4% das gestantes pretas e pardas começaram o acompanhamento médico apenas no segundo trimestre da gravidez, quando o ideal é que o primeiro atendimento ocorra até a 12ª semana de gestação. No caso das mulheres brancas, 9,1% começaram o acompanhamento no segundo trimestrem

 Outro ponto que agrava a situação são as doenças pré-existentes. As doenças mais comuns nos casos de mortalidade materna foram: síndromes hipertensivas (gestantes pretas, 64,2%; pardas, 62,1%; e brancas, 54,7%); hipertensão arterial grave (gestantes pretas, 58,5%, pardas, 54,8%; e brancas, 50,1%); e a pré-eclâmpsia grave (gestantes pretas, 26,5%; pardas, 25%; e brancas, 16,9%).

Gravidez precoce

A pesquisa também apontou que as mulheres pretas têm maior índice de gestações entre 10 e 19 anos de idade: 15,9%. O índice entre mulheres pardas foi de 13,8% e em 10,8% nas mulheres brancas.

As mulheres brancas lideram as gravidezes acima dos 35 anos, com 18% dos casos nessa idade, enquanto as mulheres pretas e pardas tiveram índices de 15,9% e 13,9%, respectivamente. Em todos os grupos, a maioria das mulheres entre 20 e 34 anos.



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