;

Especiais

Estudo aponta perfil de quem compartilha notícias falsas sobre vacinas

Fonte: Agência Brasil  Foto: Sérgio Lima ( Poder 360)

 


Pessoas entre 35 anos e 44 anos de idade, educação inferior ao ensino médio, das classes D ou E, independente de sexo, e que frequentam igrejas evangélicas, são as que mais compartilham notícias falsas sobre vacinas no Brasil. O perfil foi delineado pelo estudo A Comunicação no Enfrentamento da Pandemia de Covid-19, realizado em agosto, no Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB), que ouviu 1.845 pessoas com acesso à internet.

“Não quer dizer que pessoas que têm essas características são pessoas que automaticamente compartilham notícias falsas, mas o contrário, que pessoas que compartilham esses tipos de desinformação sobre vacinas costumam ter essas características”, explicou o pesquisador que está a frente do estudo e coordenador do CPS/UnB, Wladimir Gramacho.

Segundo o pesquisador, quando comparado a outros levantamentos que também trataram sobre desinformação na internet, é possível observar que o comportamento de pessoas que divulgam informações incorretas, ou notícias falsas, variam conforme o tema.

De acordo com Wladimir, quando o tema político é observado, há uma tendência de pessoas idosas mais facilmente compartilharem notícias erradas, mas quando o assunto é vacina esse padrão é diferente no Brasil, inclusive quando comparado a pesquisas realizadas em outros países.

“A principal explicação para isso talvez seja o fato de pessoas mais velhas terem sido socializadas em uma época em que o país viveu grandes conquistas no seu Programa Nacional de Imunizações”, disse.

Metodologia

Para seleção da amostra nacional, os pesquisadores utilizaram um cadastro online com mais de 500 mil inscritos, no qual foram aplicadas cotas de gênero, idade, região e classe social para representar adequadamente a população brasileira. Os participantes selecionados responderam um questionário online no qual foram convidados a compartilhar 12 notícias sobre vacinas, identificadas apenas pelo título, sendo metade com conteúdo verdadeiro e outras seis falsas.

De todos os pesquisados, 11,3% informaram que compartilhariam ao menos uma das notícias falsas e 3,7% informaram que compartilhariam cinco das notícias inverídicas.

 

tabela vacina desinformação
Arte/Agência Brasil

Hábitos de mídia

Na amostra também foram analisados os hábitos de uso de mídias das pessoas que afirmaram que compartilhariam as notícias falsas. Os pesquisadores puderam observar que as pessoas que mais espalhariam desinformação são as que têm nas mídias digitais a principal fonte de informação.

“São usuários mais frequentes de plataformas como Telegram e Tik Tok que têm maior tendência de compartilhar notícias falsas sobre as vacinas”, disse Wladimir.

Quando os pesquisadores analisaram o comportamento de uso da televisão, principal meio de informação no país, eles verificaram que, na comparação entre os que declararam fazer parte da audiência do Jornal Nacional e os que declararam fazer parte da audiência do Jornal da Record, os primeiros tiveram a metade das chances de divulgarem notícias falsas.

Para os analistas, uma possível justificativa para esse comportamento seria um processo de exposição seletiva dos brasileiros entre esses dois telejornais. “A audiência mais frequente do Jornal da Record reúne pessoas simpatizantes do governo Jair Bolsonaro, que foi um governo que difundiu muitas informações incorretas sobre as vacinas e que, ele próprio, fez campanha contra a vacinação”, destaca Wladimir.

Seminário

No dia 7 de novembro, uma análise sobre as possibilidades de intervenção para diminuir a divulgação de informações incorretas nos meios digitais será divulgada pelos pesquisadores durante o 2º Seminário A Desinformação Científica como um Problema Público Transnacional, que acontecerá na Faculdade de Comunicação da UnB.




Nenhum comentário

Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.