Brasil| Número de jovens que não estudam nem trabalham cresce 20% em 4 anos e chega a 25,8% em 2016, diz IBGE
Com informações do G1
O número de jovens de 16 a 29
anos que não estudam nem trabalham subiu de 34,2 milhões em 2012 para 41,25
milhões em 2016 - o equivalente a 25,8% do total de jovens brasileiros nessa
faixa etária. Em quatro anos, esse grupo, que ficou conhecido como "nem
nem", aumentou 20,5%.
Isso é o que aponta a Síntese de
Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O que a gente constata é que
esse aumento não é por conta da frequência escolar, mas pelo aumento da
desocupação”, enfatizou Luanda Bortelho, analista da Coordenação de Indicadores
Sociais do IBGE.
De acordo com a pesquisa, nestes quatro anos:
Número de jovens que apenas
estudavam: aumentou 3,4 pontos percentuais
Número de jovens que apenas
trabalhavam: caiu 5 pontos percentuais
Número de jovens que estudavam e
trabalhavam: caiu 1,5 ponto percentual
O IBGE destacou, ainda, que entre
2012 e 2014 se manteve estável o percentual de jovens que não estudavam nem
estavam ocupados. O salto desta população se deu, justamente, entre 2014 e
2016, período que corresponde à crise econômica no Brasil com consequente
impacto no mercado de trabalho.
Desemprego entre os jovens
O crescimento dos "nem
nem" está diretamente relacionado ao aumento do desemprego no Brasil, que
afetou mais fortemente os jovens. Entre 2012 e 2016, saltou de 4 milhões para
6,3 milhões o número de jovens com idade entre 16 e 29 anos desempregados no
país.
Isso representa um aumento de 57%
do contingente de jovens desempregados e revela um dos principais efeitos da
crise econômica pela qual passa o Brasil.
De acordo com o levantamento, no
mesmo período, a população com mais de 16 anos cresceu apenas 6,5%, enquanto o
contingente de desempregados aumentou 40,5%.
“Isso nos mostra que são os
jovens que mais sofreram com os efeitos da crise no mercado de trabalho”,
apontou a analista do IBGE, Cíntia Simões Agostinho.
Enquanto os jovens representam
28,2% da população com mais de 16 anos no país, eles respondem por 54,9% do
total de desempregados. “Ou seja, de cada dois desempregados, um é jovem”,
destacou a pesquisadora.
Segundo Cíntia, o desemprego mais
frequente entre os jovens é um fenômeno mundial e histórico. “São muitos os
fatores que interferem nesta situação como, por exemplo, a dificuldade destes
jovens em se inserir no primeiro trabalho, ou mesmo de conciliar os estudos com
uma ocupação profissional.”
Escolaridade e cor
Ao analisar o grupo de jovens que
não estudam nem trabalham, o IBGE observou que algumas características deixam
os jovens mais vulneráveis a esta condição. “A maior incidência dos que não
estudam nem estão ocupados ocorre entre os pretos e pardos e entre aqueles com
menor nível de escolaridade”, destacou Luanda. Segundo a pesquisa, do total de
“nem nem”, 38,3% tinham ensino fundamental incompleto e 29,1% eram pretos ou
pardos.
Todas as grandes regiões do país
registraram aumento no número de jovens desocupados e sem estudar. O maior
aumento foi observado no Nordeste (4,5 p.p.), e o menor no Sul (1,7 p.p.).
Entre as 27 unidades da federação, o Amapá foi a única que registrou decréscimo
desta população. “Lá, houve aumento da frequência escolar”, observou Luanda.
Gênero
A análise por gênero do grupo de
jovens que não estudavam nem trabalhava revela, segundo o IBGE, que “a desigualdade
entre o percentual de homens e o de mulheres de 16 a 29 anos que não estudam
nem estão ocupados persiste ao longo da série histórica”.
De acordo com a pesquisa, dentre
o total de jovens no país em 2016, 19% dos homens não estudavam nem estavam ocupados.
Já entre as mulheres este percentual saltou para 32,7%.
“Assim, a gente pode afirmar que
as mulheres têm 1,7 vez mais chance de estar não estudantes e não ocupadas que
os homens”, afirmou Luanda Bortelho.
O IBGE ponderou que essa
desigualdade de gênero não é exclusiva do caso brasileiro. Segundo o instituto,
entre os países que fazem parte da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), as mulheres têm 1,4 vez mais chances de não
estudar nem estar ocupadas que os homens. Na Turquia, as mulheres têm 3 vezes
mais chances de estarem nesta condição que os homens, enquanto no México chega
a 4 vezes mais.
“Por outro lado, há uma série de
países em que tal desigualdade não se verifica, como Suécia e Bélgica, o que
indica que é um problema que pode ser enfrentado por meio de políticas públicas
adequadas. Na Espanha, inclusive, as mulheres tinham menor chance que os homens
de estarem não estudantes e não ocupadas”, destacou o IBGE.
O IBGE ponderou, ainda, que entre
o grupo dos “nem nem” há aqueles que fazem parte da força de trabalho e aqueles
que estão fora dela. Com base nos conceitos estabelecidos pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT), está fora da força de trabalho aquela pessoa
que não procura por trabalho ou não tem disponibilidade para assumi-lo.
Afazeres domésticos e filhos prejudicam as mulheres
Os afazeres domésticos são a
principal razão para que mulheres jovens deixem de trabalhar ou estudar,
apontou a pesquisa do IBGE. Questionadas por que não tinham uma ocupação, 34,6%
das mulheres disseram que tinham que cuidar de afazeres domésticos, de filhos
ou de outros parentes.
Entre os homens, apenas 1,4%
apontaram o mesmo motivo para estarem fora da força de trabalho. A grande
maioria deles (44,4%) afirmou que não procuravam trabalho porque não havia
oferta na localidade onde moram.
Em 2016 foi a primeira vez que o
IBGE constatou a diminuição do percentual de homens fora da força de trabalho,
o que significa que aumentou o número daqueles que desistiram de procurar
alguma oportunidade no mercado.
“Esta é uma resposta subjetiva.
Ou seja, tem a ver com a percepção do entrevistado. Precisamos avançar em
próximas pesquisas para saber se, de fato, não havia oferta de trabalho próximo
de onde esse jovem morava. Da mesma forma, podemos buscar saber, entre as
mulheres, o número de filhos que elas têm, ou a idade deles, por exemplo”,
ponderou a analista Cíntia Agostinho.
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