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Brasil registra 4 feminicídios e 187 estupros de mulheres por dia no primeiro semestre de 2025

Da Redação com Notícias ao Minuto e FolhaPress Foto: Shutterstock

O Brasil registrou uma média alarmante de quatro feminicídios e 187 estupros de mulheres por dia no primeiro semestre de 2025, revelam dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero. O levantamento, divulgado pelo Instituto Natura e pelo Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado, com base em informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

De janeiro a junho deste ano, 718 mulheres foram assassinadas em razão de seu gênero. O estado de São Paulo lidera o número de casos, com 128 registros, seguido por Minas Gerais (60), Bahia (52), Rio de Janeiro (49) e Pernambuco (45).

Uma realidade que se repete

Desde a criação da Lei do Feminicídio em 2015, o país contabiliza 12.380 vítimas. A média de quatro mortes por dia tem se mantido constante nos últimos cinco anos, evidenciando a persistência da violência.

Apesar de uma leve queda nos registros de estupro em 2025, os números continuam em patamares elevados. Foram 33.999 casos registrados no primeiro semestre, o que corresponde a 187 estupros por dia. Em 2024, a média diária foi de 205 casos.

Em junho, Rondônia teve a maior taxa de estupros por 100 mil habitantes (16), enquanto Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Ceará registraram as menores (3).

Especialistas pedem ação imediata

Para especialistas, os números refletem uma urgência de ação por parte do poder público. Beatriz Accioly, doutora em antropologia pela USP e líder de políticas públicas no Instituto Natura, destaca que a violência de gênero ainda não é tratada como uma prioridade de Estado.

"Infelizmente, o tema ainda é tratado como algo da esfera da moral e não como de responsabilidade da gestão pública, com prioridade, orçamento e planejamento", diz Accioly. Ela defende o fortalecimento da rede de atendimento, especialmente fora das grandes capitais, para garantir uma resposta eficaz às denúncias.

A especialista também ressalta que os números reais podem ser ainda maiores, já que a tipificação do feminicídio depende da avaliação policial e nem sempre é corretamente aplicada.

Vitória Régia da Silva, diretora-executiva da Associação Gênero e Número, vai além e classifica os dados como um sinal de "total omissão do Estado em seu dever de proteger, especialmente meninas e mulheres". Para ela, "é preciso transformar informação em ação concreta. Não podemos naturalizar a morte e a violência como parte do cotidiano."




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